Será o nosso maior encontro, particularmente, a ansiedade fica cada vez maior ao perceber que muito em breve todos nós estaremos juntos para a maior e mais bela de todas as peregrinações, sim, é lá, durante a nossa jornada mundial que nos encontraremos e todos irão perceber que no peito carregamos uma cruz, não importa de onde viermos, não importa a nossa nacionalidade, estaremos todos juntos, a imensa família, formada por todas as nações, teremos a oportunidade em recebe-la aqui em nossa casa, onde o convívio com as mais diferentes culturas acontecerá das mais variadas formas, onde vários idiomas estarão presentes, apenas uma linguagem predominará, a linguagem do amor.
Quem somos? Somos apenas jovens, jovens dos mais diferentes carismas, dos mais diversos sorrisos, queremos apenas mostrar o nosso jeito singular de ser, queremos apenas ter voz, ter o nosso lugar e com isso sermos respeitados em todas as esferas da nossa sociedade, na nossa Igreja isso não é diferente, não queremos apenas que falem para a gente, mas também que dediquem um pouco de sua atenção para nos ouvir, sim, também temos algo a falar, ou melhor, temos muito a falar, e não podemos nos calar, somos apenas jovens, queremos mostrar para toda essa gente que sim, temos o nosso valor, e que não somos algo “bonitinho” que apenas serve como uma peça de enfeite, não queremos ser apenas meros coadjuvantes de nossa própria história, somos aqueles que queremos fazer acontecer, queremos ser a diferença, queremos ser protagonistas de um tempo que cada vez mais nos tira a liberdade.
Assim como qualquer outro, também temos nossos problemas, nossas dificuldades, nossas angústias, e não é por isso que deixaremos de ser aquilo que somos, não é por isso que iremos desistir, o próprio Jesus de Nazaré passou por isso enquanto jovem, ele viveu tudo isso, precisou passar por tudo isso, e no fim, venceu, nós jovens, rezemos constantemente para que Ele seja o nosso maior exemplo em todos os momentos de nossas vidas, e que assim seja.
Nas palavras do saudosíssimo Dom Hélder Câmara, “Que não deixemos cair a profecia!”, queremos cada vez mais com o nosso jeito de ser espalhar alegria a todos que estão a nossa volta, cativar aqueles que não são sensíveis ao compreender o compromisso que temos com o nosso próximo, e levar uma mensagem de amor e de fé a todos que duvidam que podemos sim, sonhar e ao mesmo tempo construir um mundo diferente, um mundo melhor para nós todos.
Também será lá, durante a nossa jornada mundial, que também nos encontraremos com aquele que pelo seu serviço vem nos encantando a cada gesto de humildade, sim Papa Francisco, muitos de nós jovens olham com carinho para senhor e o vê como uma esperança. Papa Francisco, nós jovens vivemos hoje uma realidade muito difícil, aqui eu me pergunto, quantos amigos que tive se perderam pelo caminho? Se você meu caro leitor também for jovem peço que faça essa pergunta para você mesmo e espero com toda a sinceridade que a sua resposta seja mais animadora que a minha.
Papa Francisco, infelizmente muitos de nós jovens hoje, morre aos milhões, vossa santidade conhece a realidade de nosso continente, sabe que somos as maiores vítimas da violência, da criminalidade, do narcotráfico, entre outras atrocidades, sofremos a cada dia no trânsito, nas ruas e em diversos lugares onde estamos presentes, muitos de nós sofre um verdadeiro genocídio, o pior santo padre, é que muitos ignoram essa situação, fingem que não acontece nada e até mesmo sem nos conhecer querem nos aprisionar colocando toda a culpa da violência nos jovens.
Sim Papa Francisco, atualmente a situação de toda a juventude é preocupante, somos criminalizados diariamente a cada nova notícia que vemos nos noticiários, é necessário sair em defesa da vida da juventude, precisamos compreender de uma vez por todas que a redução da maioridade penal não irá resolver a atual situação, e que essa medida apenas servirá apenas para encher cada vez mais os presídios e fazer com que a juventude se torne um alvo fácil para o crime organizado, precisamos soltar a nossa voz e dizer que somos contra essa medida, assim como fez Igreja no Brasil recentemente através da CNBB, precisamos também como juventude ecoar a nossa voz, e dizer que somos contra a redução da maioridade penal.
Como cristãos aprendemos que a nossa maior missão é defender a vida, e em função disso queremos dar um basta, queremos dizer que não dá mais, chega, “chega de violência e extermínio de jovens”.
Papa Francisco, vejo muitos jovens dizendo que querem chegar perto de ti, e eu me incluo entre eles, não para tirar foto e nem para pegar autógrafo, queremos apenas estar perto de vossa santidade para uma simples e agradável conversa, algo que estimule a juventude a prosseguir em sua caminhada, sim Papa Francisco, não queremos cerimônias oficiais, ter que seguir protocolos ou coisas do tipo, queremos algo profético e ao mesmo tempo, que tenha simplicidade, pois sabemos que o verdadeiro amor não tem regras nem tão pouco exigências.
Papa Francisco, queremos chegar perto de vossa santidade para simplesmente poder te dar um abraço, até chorar ao teu lado por toda a juventude que não pôde estar presente, quem sabe até poder te falar: “os jovens que aqui não estão santo padre, é porque estão presos ou mortos”, nas nossas lágrimas dizermos também o quanto que amamos a Igreja, dizer que jamais fecharemos os olhos nem tampouco cruzaremos os braços diante dos problemas que ela enfrenta, quem sabe até mesmo vossa santidade possa descer por um instante do seu papamóvel para caminhar em peregrinação junto com todos nós jovens, nem que seja por poucos metros...
Desculpem-me se estou sendo um tanto petulante, quem aqui vos escreve é apenas um jovem que olha para a Igreja e não a enxerga apenas como uma instituição religiosa, enxergo na Igreja de base o mais belo exemplo da vida em comunidade e como podemos conviver em harmonia com o nosso próximo. Mas não escrevo essas palavras sozinho, aqui comigo estão muitos jovens que me inspiram a narrar os nossos sonhos de fé, de luta, de justiça e de amor, esse é o nosso jeito de construir o Reino de Deus, Reino este que não é distante, é um Reino que se faz presente aqui durante o nosso caminhar.
Já dizia Dom Oscar Romero: “somos como profetas de um futuro que não nos pertence”, sim, somos como profetas de um futuro que não nos pertence.
O que acontecerá comigo depois dessa incrível experiência? A única coisa que sei é que de lá não voltarei o mesmo, e que assim, todos nós juntos possamos sair da nossa jornada mundial cheios de esperança e cativantes com o que nos esperam em nosso retorno até as nossas comunidades base.
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Vagner Benedito
Secretário Diocesano da Pastoral da Juventude na Diocese de Santos
