segunda-feira, 29 de julho de 2013

Blog Pejotando: O poder do simbólico por Rogério Oliveira
Pastoral da Juventude - Foz12:13


Eu já havia escrito aqui a respeito dos valores dos símbolos. As flores carregam diversos sentidos além de seu próprio ser. Roupas, calçados, acessórios dizem muito aos outros a respeito de quem os vestem porque a eles foi atribuído um significado, seja isoladamente, seja quando utilizados em conjunto.


Quando escrevi o texto acima, queria falar do sentido do anel de tucum. Contudo o universo simbólico da pastoral da juventude é um baú imenso de onde se tiram memórias antigas e novidades formosas. Talvez o mais representativo destes símbolos seja aquele estampado na bandeira da PJ.

Lembro que no início da minha caminhada pastoral foi lançado pelo Centro de Capacitação da Juventude um livrinho (hoje já esgotado) que tratava de esclarecer o símbolo da PJ que hoje todos nós conhecemos. Originalmente era uma cruz em perspectiva, tal como se estivesse inclinada para um horizonte adiante, da base da cruz para o seu topo. Tal cruz apontava um caminho, nele estavam as letras pê e jota. E tal caminho é o que leva à Civilização do Amor.

Além de apresentar este caminho, outro detalhe relevante do símbolo é a sua cor. O vermelho é a cor do martírio, da doação, do sangue e da paixão. É uma cor apropriada para representar tantos e tantas jovens que se doam pela pastoral ao projeto de Jesus e à utopia do Reino.

Os símbolos, da mesma maneira que nos aproximam, também repelem aqueles que não compartilham de seus significados. No entanto, é preciso diferenciar estas situações. Há um sentimento verdadeiro em muitos destes casos, mas também há muito preconceito infundado. Por exemplo, ao ver o símbolo da suástica e lembrar-se dos horrores praticados durante a Segunda Guerra Mundial ou ao vislumbrar o símbolo do movimento feminista e fazer piadinhas sobre a condição das mulheres. Onde há fundamentação e onde há preconceito?

Este é o ponto. Há juventudes organizadas através da Pastoral da Juventude em nossas comunidades, paróquias e dioceses. Tenho plena certeza de que a maioria destes grupos é formada por gente boa e comprometida. Por isso me dói sempre que tenho notícias de trabalhos que são desarticulados pelo clero ou pelas coordenações de pastoral de conjunto, sejam no nível de articulação que forem.

Ou nos casos em que a PJ é impedida de se organizar porque a Igreja daquela localidade não compartilha de sua articulação e organização. Dizem alguns que preferem ver o vermelho do capeta ao ver o vermelho da bandeira da PJ. É um grande preconceito de fato, ainda mais por saber que a cor vermelha é uma das cores litúrgicas. E dizem que o capeta tem a cor que querem lhe atribuir. Mas enfim...

Claro que eu não sou ignorante a ponto de saber que há conflitos na maneira de se ver a missão da Igreja no mundo e também na maneira como ela se organiza internamente. Claro que sei que o povo formado pela PJ é crítico e que não aceita passivamente qualquer tipo de autoritarismo, desmando ou discussão mal conduzida. E sei também que aqui ou ali há jovens da PJ que ainda não passaram por todo o processo formativo e/ou que tem o gosto por confrontar as “autoridades”. Contudo, tenho para mim que nada disso justifica as ações ditas anteriormente.

Talvez por ser esta a realidade pejoteira em muitas localidades deste Brasil que a turma se emocionou com a foto que rodou as redes sociais na último dia 25/07/2013, quando durante a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro foi entregue ao Papa Francisco uma bandeira da PJ, recebida por ele com um sorriso aberto e franco.

Vi, através das mesmas redes sociais, a repercussão de tal fato. Li muitas falas emocionadas, carregadas de bons sentimentos. Há muita luta pela vida da juventude, pela igualdade no acesso e no benefício de direitos, pela busca da dignidade humana e juvenil, nos mesmos moldes da prática de Jesus. Muitos de nós desejamos uma Igreja atuante neste mundo que carrega tantos símbolos cristãos e tão pouca vivência evangélica. Muitos relataram histórias de vida, de alegrias e dores, de trabalhos em comum e perseguições sistematizadas, de sonhos, orações, utopias e pertença.

Sim, pertença. Há que insistem em dizer a tremenda bobagem de que a PJ não é Igreja ou que não comunga da missão e do ser da Igreja Católica. Tal afirmação dói para tantos e tantas que dedicam finais de semana, noites inteiras, feriados ou dias de trabalho para organizar, participar, estar juntos em eventos ou atividades pastorais e eclesiais. Claro que há divergências. Mas mesmo em situações assim, onde fica a tal unidade que tanto se propaga?

Sim, eu sei que a foto do Papa pegando a bandeira da PJ no fundo é um gesto simples. Mas simples de verdade são todos os símbolos. A eles atribuímos significados. O início do pontificado de Francisco na Igreja é recheado deles. E, ao menos estes, nos apontam para bons sinais. Claro que há muita água a rolar por baixo da ponte. Mas a alegria do gesto e o sentido que damos a ele nos permitem ter alegria e esperança.

Texto retirado do Blog Pejotando de Rogério Oliveira
Para todos os PJoteiros da Diocese de Foz do Iguaçu.
Todos que lutam pela causa jovem e se preocupam com isso, para os militantes, aos que ficam inquietos com a injustiça desse mundo, que não aceitam que cada dia que passa mais jovens morram por algum tipo de violência, para aqueles que se preocupam verdadeiramente com o futuro dessa nação, enfim a todos os jovens, venham conosco nessa luta!