VIOLÊNCIA PRECOCE
Foz registra 75 crimes diários que envolvem crianças e adolescentes
A maior parte é vítima do tráfico de droga
Foz do Iguaçu – Os cinco conselheiros tutelares de Foz do Iguaçu convivem com uma rotina das mais desafiadoras. Eles são responsáveis pela política de proteção de um contingente de aproximadamente 150 mil crianças e adolescentes. Porém a quantidade é maior, porque menores de idade paraguaios e argentinos em situação de risco também acabam sendo atendidos pelos conselheiros brasileiros. O resultado é a sobrecarga nas funções e a desvirtualização das funções desses profissionais, que, em vez de agentes sociais, acabaram se transformando, ao longo dos anos, em agentes de polícia.
Entre 2001 e 2010, 904 jovens de 12 a 18 anos foram assassinados em Foz do Iguaçu, estatística que coloca a cidade como a campeã de violência infanto-juvenil do Brasil. O maior problema é a participação desse público-alvo no tráfico de drogas: oito a cada dez adolescentes atendidos em abrigos da cidade recebem ameaça de morte por parte de traficantes. Estimativas do Conselho Municipal Antidrogas indicam que o índice de drogadição entre as crianças aumentou 40% nos últimos anos.
Enquanto isso, a acanhada estrutura do Conselho Tutelar contrasta com o aumento da criminalidade. Da frota de dois carros, só um funciona. As salas são antigas e a estrutura não é adequada para atender jovens perigosos que vivenciam contato direto com o tráfico. Hoje, o Conselho Tutelar atende cerca de 75 ocorrências por dia. Cada conselheiro trabalha cerca de 80 horas semanais e todos precisam atender em regime de plantão para dar conta da demanda.
Conselheira tutelar desde 15 de outubro de 2009, Maria de Queirós afirma que a situação é dramática. “Precisaríamos contar, no mínimo, com mais cinco conselheiros para dar conta da demanda de uma cidade tão sensível como Foz do Iguaçu, que enfrenta os problemas comuns de uma região de fronteira”, destaca.
“Diferente de Foz, onde – apesar de algumas falhas – há uma rede de proteção mínima, o Paraguai não se preocupa com os menores desocupados”, afirma. Segundo ela, o perfil do adolescente da fronteira é problemático: “Muitos fogem de casa, são aliciados pelo tráfico e pela prostituição e há muitos registros de aventureiros que acreditam que aqui seja uma terra promissora para viver. Quando percebem que não, não têm sequer dinheiro para comprar a passagem de volta para suas cidades de origem”. (Luciano Barros)
Comparativamente a outros conselhos tutelares de semelhante ou maior porte, o de Foz do Iguaçu vivencia acúmulo de trabalho.
CIDADE ..................... POPULAÇÃO ........ ATENDIMENTOS POR SEMESTRE
Foz do Iguaçu ............ 258 mil ........................................ 2.365
Curitiba ...................... 1,7 milhão ................................... 2.222
Maringá ..................... 330 mil ........................................... 577
S. José dos Pinhais .... 296 mil ........................................... 390
Londrina..................... 504 mil ........................................... 306
Em Cascavel, 38% das ocorrências policiais possuem jovens envolvidos
Cascavel – Mais de 38% das ocorrências registradas pela polícia de Cascavel ano passado tiveram o envolvimento de menores, inclusive em assassinatos. Dos 129 assassinatos registrados na cidade ano passado, 19 vitimaram menores de idade. A maior parte das ocorrências teve o envolvimento do uso e comercialização de crack.
Fonte: Jornal O Paraná de Cascavel
Não podemos mais ficar parados, vamos todos juntos na luta contra a violência e o extermínio de jovens!
